Puxada de Rede


A Puxada de rede surgiu após o período da escravidão, quando os negros não acharam oportunidades de se encaixar no mercado de trabalho e procuram seu sustento no mar.
Uma manifestação representando a pesca do xaréu (peixe de grande porte que pode chegar a 25 kilos) comum em boa parte do litoral brasileiro. Antigamente a pesca era feita com redes de arrasto, uma técnica que exigia muito fisicamente do pescador, tornando esta prática muito perigosa. 
A Puxada de Rede representa não só a relação que o pescador tem com o mar, onde ele praticamente vive toda a sua vida, mas com a sua família e com a sua religiosidade, em especial com Iemanjá que no sicretismo é a santa católica Nossa Senhora dos Navegantes. Na cadência do atabaque, cantigas contando histórias de pescadores, pedindo por uma boa pesca, uma viagem tranqüila e por uma volta segura, são cantadas enquanto a rede de arrasto é trazida de volta a praia.

TEATRO
O teatro folclórico que retrata a puxada de rede, conta a história de um pescador que ao sair para o mar em plena noite para fazer o sustento da família, despede-se de sua mulher que, em mau pressentimento, preocupa-se com a partida do marido e o assusta dizendo dos perigos de sair à noite, mas o pescador sai e deixa-a a chorar, e os filhos assustados.
O pescador sai para o mar e leva consigo uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, seus companheiros de pesca e a bênção de Deus.
Muito antes do horário previsto para a volta dos pescadores, a mulher do pescador, que ficou na praia esperando a hora do arrasto, teve uma visão um tanto quanto estranha. Ela vê o barco voltando com todos à bordo muito tristes e alguns até chorando. Quando os pescadores desembarcam, ela dá pela falta do marido e os pescadores dizem a ela que ele caiu no mar por conta de um descuido e que devido à escuridão da noite, não foi possível encontrá-lo, ficando ele perdido na imensidão das águas.
Ao amanhecer, quando foram fazer o arrasto da rede que ficara no mar, os pescadores notaram que por ter sido aquela uma noite de pouca pesca, a rede estava pesada demais. Ao chegar todo o arrasto à praia, já com dia claro, todos viram no meio dos poucos peixes que vieram o corpo do pescador desaparecido. A tristeza foi instantânea e o desespero tomou conta de todos ali presentes.
Prosseguem-se então os rituais fúnebres do pescador sendo levado à sua morada eterna pelos amigos que estavam com ele no mar, sendo seu corpo carregado nos ombros, pois a situação financeira não comportaria a compra de uma urna, o cortejo segue pela praia.